Oi pessoal, tudo bem? Hoje eu vou apresentar um caso para vocês que eu acho que é muito relevante e até envolve aí uma discussão filosófica.
Eu atendi recentemente, uma criança, uma menininha de oito anos que tem um histórico de infecções de vias aéreas superiores de uma forma um tanto quanto recorrente, não tão intensa quanto quando ela era menorzinha, mas ainda mantém alguns quadros repetidos aí de resfriados e tal. E como consequência do último quadro gripal que ela teve, ela chegou se queixando de dor de ouvido. Então ela estava com dor de ouvido unilateral, uma sensação de depressão nos ouvidos também, nos dois, pior daquele lado que estava doendo. Então ela estava com dor no ouvidinho direito, esse ouvido também abafado e o ouvido esquerdo também um pouquinho abafado, sem dor. Um dia só de história, sem febre e como consequência de alguns dias aí mais congestionada, com um pouquinho de tosse, o narizinho escorrendo, espirrando, um quadro clássico de resfriado.
E aí ela veio, examinei. Vou mostrar para vocês a imagem da otoscopia, então do exame físico da orelha direita, no dia. Vocês vão ver que a membrana estava mais vermelha, estava um tanto quanto inchada. A criança na ocasião da consulta, ela tinha tomado analgésico com algumas horas de antecedência, já várias, na verdade. Ela não estava com queixa de dor naquele momento, ela não estava apresentando febre, e um evidente quadro viral instalado. Qual foi minha opção?
Então, minha opção foi fazer um tratamento sintomático, controlar os sintomas, melhorar a qualidade do narizinho dela, lavando com solução fisiológica, usando um spray que garanta uma melhora da congestão nasal e diminua também a produção de secreção e o controle da dor mediante a necessidade. E esse tipo de conduta é o que os americanos chamam de watchful waiting. Então, a gente aguarda de forma atenta e revê na medida do possível, depois de 48 ou até 72 horas, a criança para avaliar a evolução do quadro, para ver se aquele quadro está involuindo, regredindo e se resolvendo, ou se por um acaso, aquele quadro inflamatório que se instalou, ele veio a piorar, favorecendo uma instalação de uma infecção secundária por bactéria, por exemplo, que demandasse a necessidade do uso de antibiótico.
Por que a importância dessa discussão? Porque a gente tem que ter muito cuidado, tem que mensurar muito bem e tem que ponderar muito bem com relação a prescrição de medicamentos sem que eles tenham uma necessidade premente. Então, eu garanto para vocês que essa criança, se ela desse entrada num pronto atendimento convencional, a chance de ela sair com uma receita de antibiótico seria gigante, tá? E como vocês vão observar na imagem de hoje, da mesma orelha, regrediu aquela inflamação, a vermelhidão e e o abaulamento da membrana do tímpano. Ou seja, é um quadro auto limitado, infeccioso agudo viral, que não demanda a necessidade do antibiótico.
Se esse antibiótico tivesse sido instituído, a gente teria os malefícios do uso dele. Então, efeitos colaterais possíveis como diarreia, dor de estômago, às vezes náusea, podendo causar vômito. Seleção bacteriana, aumento da resistência bacteriana e o impacto que isso causa, comercial inclusive, também financeiro e por aí vai. Então, achei importante, até para servir como alerta, de que a medicina baseada em evidências e a condução de uma forma mais sensata e prudente, sempre o melhor caminho.
Cuidados a serem empregados na lavagem nasal
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